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O alicerce da educação verdadeiramente brasileira

A história da educação no Brasil é marcada por diferentes períodos e influências ao longo dos séculos. A fase mais importante e relevante foi a educação jesuítica.
A educação jesuítica teve início no Brasil no século XVI (1500), com a chegada dos primeiros missionários jesuítas ao território brasileiro. A Companhia de Jesus, uma ordem religiosa fundada por santo Inácio de Loyola no século XVI, tinha como objetivo principal propagar a fé católica e catequizar os povos nativos encontrados nas terras conquistadas pelos europeus.
Sua atuação na educação tinha como base os princípios pedagógicos da Companhia de Jesus, que valorizava a formação integral do indivíduo, combinando o ensino das disciplinas acadêmicas com a catequese religiosa. Dessa forma, os jesuítas desenvolveram um modelo educacional baseado em escolas de ensino elementar, colégios e universidades, onde os estudantes eram preparados tanto para a vida secular quanto para o sacerdócio.
A primeira Missa no Brasil (1860) realizada pelo artista catarinense Victor Meirelles
As primeiras escolas jesuíticas, conhecidas como “colégios”, eram destinadas aos filhos dos colonos portugueses e, posteriormente, também aos filhos dos indígenas convertidos ao catolicismo. Nestas escolas, os jesuítas ensinavam a leitura, escrita, aritmética, latim, além de noções de moral, religião, etc.
Instrução e Catequização
Com o passar do tempo, os jesuítas expandiram sua atuação educacional e fundaram as chamadas “escolas de ler e escrever”, onde a população geral poderia ter acesso à instrução básica. A presença dos jesuítas na educação brasileira foi marcante durante todo o período colonial. 
No entanto, sua influência e a atuação começaram a ser perseguidos no século XVIII (1700), devido às influências das sociedades secretas no país, mais precisamente em 1759 com o Marquês de Pombal, um dos participantes de tais sociedades secretas e ao mesmo tempo ministro do rei de Portugal que, determinou a expulsão dos jesuítas de todas as terras sob domínio português, incluindo o Brasil. Com isso, a educação jesuítica foi interrompida abruptamente, e muitas das instituições educacionais foram fechadas ou passaram a ser administradas por outras ordens religiosas, sendo apenas restituído à ordem no século XIX, quando em 1814, após um período de restrição e supressão em vários países, o Papa Pio VII restaurou a Companhia de Jesus. A partir desse momento, os jesuítas começaram a retornar gradualmente ao Brasil e a outras partes do mundo. Assim, eles retornaram ao Brasil cerca de 80 anos após sua expulsão. 
O pátio do Colégio, fundado por São José de Anchieta em 1554. Foto tirada em 1862.
Temos, portanto, um período importante que vai de 1500 a 1780 de forte e quase que exclusiva atuação da Companhia de Jesus na formação Religiosa, intelectual, social, cultural, etc, conforme o espírito da Igreja e de santo Inácio de Loyola.
Entretanto, o período entre 1780 a 1842, com a ausência dos jesuítas, possibilitou a orquestração de um cenário que definiria o Brasil no final do século XIX e início do século XX: a influência do Estado sobre a Igreja e seus bens, a mobilização e organização das sociedades secretas para, com o poder estatal, laicizar o Estado e a educação, como de fato aconteceu pelo golpe da República (1889) sobre a Monarquia e, a substituição gradual da Educação Católica pela educação pragmática expressa pelo surgimento da chamada “escola nova” (1920). Tudo isso graças à política do Marquês de Pombal que bebia dos ideais iluministas. O combate jesuítico contra o Protestantismo levou um duro golpe pela segunda fase da Revolução, as ideias que eclodiram na Revolução Francesa (1789).
A proclamação da Independência por François-René Moreaux a pedido do Senado Imperial (1844)
O que segurou por algum tempo tal decadência no Brasil foi a declaração da independência (1822), aconselhada por José Bonifácio à Dom Pedro I e a presença de outras ordens religiosas como os beneditinos, franciscanos, dominicanos e carmelitas que assumiram o vazio deixado para trás pela expulsão dos jesuítas, apesar das enormes perdas.
Entretanto, não teve jeito, com a reformulação do espírito da ordem jesuíta, quando eles retornaram já não eram mais os mesmos e o golpe republicano destituiu a monarquia, reformulando não apenas o governo, mas esvaziando a educação integral e restringindo aos poucos o sopro da fé na sociedade, especialmente nas instituições de ensino.
1943 - Turmas de 2o e 3o ano de Geografia e História. Ao centro, o idealizador da PUC-Rio, Padre Leonel Franca S.J., e o Padre Velloso S.J..
Apesar disso, a influência dos verdadeiros jesuítas na formação educacional do Brasil perdurou e deu frutos. Os princípios pedagógicos da Companhia de Jesus, como a valorização da formação integral, a preocupação com a moral e a ética, e o incentivo à busca pelo conhecimento, deixaram um legado que apesar de tudo se impregnou na educação brasileira, influenciando diversas instituições sejam elas de ensino ou não, que surgiram posteriormente.
A história da educação no Brasil é marcada por diferentes fases e transformações, e a contribuição dos jesuítas é inegável. A educação jesuítica criou o Brasil enquanto nação, dando unidade ao povo pela fé, trouxe a alfabetização, a formação acadêmica e a disseminação dos valores cristãos, desempenhando o papel fundamental na construção dos alicerces educacionais do país, alicerces estes que definem quem é o brasileiro, o que é o Brasil e que jamais devem ser esquecidos; alicerces católicos por onde fé e razão andam juntas!

Referências

  • SOUSA, Otávio Tarquínio de. História dos Fundadores do Império do Brasil. Volume II. A Vida de D. Pedro I. Tomo 3. Brasília: Edições do Senado Federal, 2015. (Série Senado Federal, Vol. 209-C).
  • CASTELLO BRANCO, Camillo. Perfil do Marquez de pombal. Porto, Rio de Janeiro: Editores-proprietarios Clavel & c.a / L. couto & C.a, 1882.
  • D’AZEVEDO, J. Lucio. O Marquês de Pombal e a sua época. 2ª edição com emendas. Rio de Janeiro: Annuario do Brasil; Lisboa: Seara Nova; Porto: Renascença Portuguesa.
  • CORDEIRO, Tiago. A grande aventura dos jesuítas no Brasil. 1. ed. São Paulo: Planeta, 2016.
  • CAVALCANTE, Maria Juraci Maia. Memória dos jesuítas portugueses e história da educação brasileira: relação entre a obra de Serafim Leite e Fernando de Azevedo. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO, 6., 16 a 19 maio 2011, Vitória (ES), 2011.