A história da educação no Brasil é marcada por diferentes períodos e influências ao longo dos séculos. A fase mais importante e relevante foi a educação jesuítica.
A educação jesuítica teve início no Brasil no século XVI (1500), com a chegada dos primeiros missionários jesuítas ao território brasileiro. A Companhia de Jesus, uma ordem religiosa fundada por santo Inácio de Loyola no século XVI, tinha como objetivo principal propagar a fé católica e catequizar os povos nativos encontrados nas terras conquistadas pelos europeus.
Sua atuação na educação tinha como base os princípios pedagógicos da Companhia de Jesus, que valorizava a formação integral do indivíduo, combinando o ensino das disciplinas acadêmicas com a catequese religiosa. Dessa forma, os jesuítas desenvolveram um modelo educacional baseado em escolas de ensino elementar, colégios e universidades, onde os estudantes eram preparados tanto para a vida secular quanto para o sacerdócio.
As primeiras escolas jesuíticas, conhecidas como “colégios”, eram destinadas aos filhos dos colonos portugueses e, posteriormente, também aos filhos dos indígenas convertidos ao catolicismo. Nestas escolas, os jesuítas ensinavam a leitura, escrita, aritmética, latim, além de noções de moral, religião, etc.
Com o passar do tempo, os jesuítas expandiram sua atuação educacional e fundaram as chamadas “escolas de ler e escrever”, onde a população geral poderia ter acesso à instrução básica. A presença dos jesuítas na educação brasileira foi marcante durante todo o período colonial.
No entanto, sua influência e a atuação começaram a ser perseguidos no século XVIII (1700), devido às influências das sociedades secretas no país, mais precisamente em 1759 com o Marquês de Pombal, um dos participantes de tais sociedades secretas e ao mesmo tempo ministro do rei de Portugal que, determinou a expulsão dos jesuítas de todas as terras sob domínio português, incluindo o Brasil. Com isso, a educação jesuítica foi interrompida abruptamente, e muitas das instituições educacionais foram fechadas ou passaram a ser administradas por outras ordens religiosas, sendo apenas restituído à ordem no século XIX, quando em 1814, após um período de restrição e supressão em vários países, o Papa Pio VII restaurou a Companhia de Jesus. A partir desse momento, os jesuítas começaram a retornar gradualmente ao Brasil e a outras partes do mundo. Assim, eles retornaram ao Brasil cerca de 80 anos após sua expulsão.
Temos, portanto, um período importante que vai de 1500 a 1780 de forte e quase que exclusiva atuação da Companhia de Jesus na formação Religiosa, intelectual, social, cultural, etc, conforme o espírito da Igreja e de santo Inácio de Loyola.
Entretanto, o período entre 1780 a 1842, com a ausência dos jesuítas, possibilitou a orquestração de um cenário que definiria o Brasil no final do século XIX e início do século XX: a influência do Estado sobre a Igreja e seus bens, a mobilização e organização das sociedades secretas para, com o poder estatal, laicizar o Estado e a educação, como de fato aconteceu pelo golpe da República (1889) sobre a Monarquia e, a substituição gradual da Educação Católica pela educação pragmática expressa pelo surgimento da chamada “escola nova” (1920). Tudo isso graças à política do Marquês de Pombal que bebia dos ideais iluministas. O combate jesuítico contra o Protestantismo levou um duro golpe pela segunda fase da Revolução, as ideias que eclodiram na Revolução Francesa (1789).
O que segurou por algum tempo tal decadência no Brasil foi a declaração da independência (1822), aconselhada por José Bonifácio à Dom Pedro I e a presença de outras ordens religiosas como os beneditinos, franciscanos, dominicanos e carmelitas que assumiram o vazio deixado para trás pela expulsão dos jesuítas, apesar das enormes perdas.
Entretanto, não teve jeito, com a reformulação do espírito da ordem jesuíta, quando eles retornaram já não eram mais os mesmos e o golpe republicano destituiu a monarquia, reformulando não apenas o governo, mas esvaziando a educação integral e restringindo aos poucos o sopro da fé na sociedade, especialmente nas instituições de ensino.
Apesar disso, a influência dos verdadeiros jesuítas na formação educacional do Brasil perdurou e deu frutos. Os princípios pedagógicos da Companhia de Jesus, como a valorização da formação integral, a preocupação com a moral e a ética, e o incentivo à busca pelo conhecimento, deixaram um legado que apesar de tudo se impregnou na educação brasileira, influenciando diversas instituições sejam elas de ensino ou não, que surgiram posteriormente.
A história da educação no Brasil é marcada por diferentes fases e transformações, e a contribuição dos jesuítas é inegável. A educação jesuítica criou o Brasil enquanto nação, dando unidade ao povo pela fé, trouxe a alfabetização, a formação acadêmica e a disseminação dos valores cristãos, desempenhando o papel fundamental na construção dos alicerces educacionais do país, alicerces estes que definem quem é o brasileiro, o que é o Brasil e que jamais devem ser esquecidos; alicerces católicos por onde fé e razão andam juntas!
Referências
- SOUSA, Otávio Tarquínio de. História dos Fundadores do Império do Brasil. Volume II. A Vida de D. Pedro I. Tomo 3. Brasília: Edições do Senado Federal, 2015. (Série Senado Federal, Vol. 209-C).
- CASTELLO BRANCO, Camillo. Perfil do Marquez de pombal. Porto, Rio de Janeiro: Editores-proprietarios Clavel & c.a / L. couto & C.a, 1882.
- D’AZEVEDO, J. Lucio. O Marquês de Pombal e a sua época. 2ª edição com emendas. Rio de Janeiro: Annuario do Brasil; Lisboa: Seara Nova; Porto: Renascença Portuguesa.
- CORDEIRO, Tiago. A grande aventura dos jesuítas no Brasil. 1. ed. São Paulo: Planeta, 2016.
- CAVALCANTE, Maria Juraci Maia. Memória dos jesuítas portugueses e história da educação brasileira: relação entre a obra de Serafim Leite e Fernando de Azevedo. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO, 6., 16 a 19 maio 2011, Vitória (ES), 2011.