I.A. e a Antropologia
Para compreender bem a questão da Inteligência Artificial (I.A.), precisamos entender seu autor: o homem, sua inteligência, como esta habita nele e como ele a utiliza para moldar a natureza ao seu redor.
Antes do Pecado Original, o homem era perfeito; seus sentidos captavam a Realidade de forma perfeita e seu entendimento era agudo. O ser humano personificava a Inteligência Divina em sua natureza. Após o Pecado, o único homem a personificar essa Imagem Original foi Cristo, o “novo Adão”, melhor dizendo, o Verdadeiro Adão.
O homem desobedeceu a Deus e ficou sujeito ao trabalho, pois a natureza passou a desobedecê-lo. Deus não tirou sua inteligência, apesar de ele ter perdido a ciência infusa. Com o tempo, o homem percebeu que para dominar a natureza precisava ser mais eficiente, ou seja, usar menos os braços e mais a inteligência. Esse desejo reflete a aspiração do Paraíso perdido. A ciência infusa dá ao homem o domínio das coisas, pois ele compreende as coisas desde sua essência. O conhecimento confere a autoridade, ou seja, a “obediência-livre” e não a coerção que é a obediência mediante o uso da força. Perdida a ciência, ele precisa reconquistá-la com árduos esforços que nem sempre são bem sucedidos. O domínio da natureza se dá, depois do pecado, pela força e não mais pela “autoridade natural”.
Dessa ideia nasce o conceito de técnica, ou seja, aprimorar o instrumento de trabalho. Mais tarde, a técnica evolui para tecnologia, pois é necessário estudar a natureza das coisas e entender como melhor combiná-las. Tecnologia é a soma das descobertas de nossos predecessores combinadas de maneira a melhorar nosso domínio sobre a natureza. Técnica é o modo de fazer, tecnologia são conhecimentos “descobertos”, acumulados e aplicados em algo ou em alguma área do saber para o domínio da natureza.
Chegamos à conclusão de que o homem possui algo da inteligência divina, mas devido ao pecado, sua aplicação é imperfeita. Portanto, este homem imperfeito ampliará sua ciência e a aplicará, combinando-a para ser mais eficiente para libertar-se de processos penosos, evoluindo, adquirindo ciência e domínio da Realidade e de si mesmo.